Estou acompanhando atentamente o SIHH 2010 para ver as novidades mas, sinceramente, tenho me decepcionado.
Coisas como escapamento de silício, uso de cerâmicas e fibras sintéticas, mistura de grandes complicações em variadas combinações, nada disso me impressiona mais, pois em algum momento isso já foi feito. Coisa inédita mesmo, que é o bom, não tinha visto nada… até agora!
Quando falo em “inédito”, não estou esperando por algo revolucionário, que vá mudar a história da relojoaria.
Eu apenas quero ver alguém fazer algo que outras empresas jamais tiveram coragem ou capacidade tecnica/criativa de fazer.
Um Vacheron Constantin Patrimony Traditionnelle Calibre 2755, com repetidor de minutos, turbilhão e calendário perpétuo é mesmo um relógio maravilhoso – uma obra de arte – ninguém pode negar, porém não é novidade alguma, já que relógios com esta configuração existem desde os tempos de Abraham-Louis Breguet.
Felizmente, a minha espera por novidades acabou hoje, quando vi o press release do Montblanc Metamorphosis (aqui, via The PuristS).
Trata-se de um relógio com algo jamais visto: ele muda seu layout, de relógio comum para cronógrafo, com o mover der uma alavanca posicionada na lateral esquerda da caixa. E faz isso de uma maneira espantosamente engenhosa!
Quando no seu “modo civil”, o Metamorphosis apresenta uma disposição comum à qualquer outro relógio regulador: um acumulador às 12 h para as horas, ponteiro central de minutos retrógrado (num arco de 240°, das 8 h às 4 h), ponteiro de segundos dividindo o mesmo eixo central , e um acumulador às 6 h que faz as vezes de datador.
Movendo a citada alavanca, semelhante a de um repetidor, começa a mágica: o interior de ambos os acumuladores se abre em duas metades, como cortinas de um teatro, e escondem-se embaixo das laterais do mostrador, revelando dois outros acumuladores, com diferentes desenhos, que se elevam ao nível do mostrador, como dois elevadores de palco.
É algo que tem de ser visto para ser entendido (e acreditado!):
Simplesmente fantástico!
A partir daí, travestido no seu “modo cronógrafo”, o ponteiro às 12 h e ambos os centrais mantém suas funções de hora, minutos e segundos, mas agora do cronógrafo, e não do relógio. E o ponteiro às 6 h passa a ser um segundo acumulador de minutos do cronógrafo, mas com mudança instantânea, para facilitar a visualização pelo usuário.
Não só o relógio em si é fenomenal, mas também digno de nota é a postura da Montblanc frente aos dois geniais criadores do conceito, Franck Orny e Johny Girardin.
Além da empresa fornecer os meios financeiros e produtivos necessários para tornar a idéia tangível, ela dá ampla publicidade aos dois, de uma maneira antes só reservada a verdadeiros superstars da relojoaria, inclusive gravando o nome de ambos no mostrador do relógio (!).
Kudos à Montblanc, que a partir de hoje subiu váááárias posições no meu conceito como empresa íntegra e comprometida com a arte relojoeira.
São lançamentos assim, verdadeiramente originais, que gostaria de ver mais vezes nestes eventos.
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